O ceratocone é uma doença caracterizada por afinamento corneano e protrusão da córnea, que resulta em deformação corneana e irregularidade acentuada.

Imagine uma bola de futebol que você está acostumado a ver (e jogar). Ela é redonda e bastante regular. Por analogia, vamos considerar que esta é a córnea normal. Por outro lado, vamos imaginar agora uma bola de futebol americano. Ela é “ovalada”, certo? Pois esta é a forma da córnea no ceratocone. E além de ovalada, esta córnea é bem mais fina do que uma córnea normal. Diz-se que ela é cônica. Esta irregularidade causa o que se chama de astigmatismo irregular, que geralmente não poder ser corrigido, ou é muito mal corrigido, com o uso de óculos. Normalmente a doença acomete os dois olhos, embora usualmente de maneira assimétrica, ou seja, um olho pior do que o outro ou um olho antes que o outro.

A prevalência do ceratocone é de aproximadamente 100 a 200 por 100.000 habitantes, e ocorre em todas as raças. O diagnóstico do ceratocone é realizado através do exame de lâmpada de fenda, esquiascopia e, com maior precisão, pela topografia corneana. O início dos sintomas geralmente se dá na puberdade e a progressão é lenta, ao longo dos anos. Pode inclusive ocorrer estabilização do ceratocone. Nos casos que evoluem, há miopização progressiva, aumento do astigmatismo irregular e fibrose com cicatrização da córnea. Nesta situação, pode ser indicada a cirurgia (transplante de córnea).
A hereditariedade é importante, mas não se conseguiu determinar o padrão de herança familiar. Outros fatores que parecem ser importantes são a presença de alergia, asma, síndrome de Down e o hábito de coçar os olhos.

O tratamento do ceratocone pode ser feito em diferentes etapas. Na primeira etapa, geralmente restrita a poucos pacientes, tenta-se melhorar a visão com o uso de óculos. Como poucos pacientes melhoram significativamente a visão com os óculos, a próxima opção é a lente de contato, geralmente a lente dura (rígida gás permeável). É importante lembrar que as lentes de contato não diminuem a progressão do ceratocone. Na verdade, as lentes não melhoram nem pioram a doença. Elas servem para melhorar a visão, apenas. Em alguns casos, podemos empregar o uso da técnica de cross-link. Este procedimento tem por objetivo diminuir a velocidade de progressão da doença, uma vez que ele atua aumentando a rigidez da córnea. Não se objetiva melhorar a visão com esta técnica, mas apenas frear a velocidade da progressão (natural) da doença. A maioria dos pacientes vai utilizar lentes de contato. Ao longo da vida, pode ser necessário trocar as lentes de contato (curvatura, diâmetro, grau, etc). Quando houver incapacidade de manter o uso das lentes de contato, seja por que a córnea apresenta cicatrizes que dificultem o posicionamento da lente ou por que o paciente já não tolera a lente de contato, ou a acuidade visual não for satisfatória, então, está indicada a cirurgia de transplante de córnea. A técnica de implante de anel na córnea está está indicada para alguns pacientes, com resultados variáveis.

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