Junho é o mês da conscientização sobre “Ceratocone”.

Ceratocone é uma doença ocular que afeta a córnea e que se caracteriza por protrusão (ou ectasia) corneana, onde ocorre aumento da curvatura e afinamento desta estrutura, geralmente de maneira assimétrica, irregular e progressiva ao  longo do tempo. Assim, a córnea assume um formato cônico (daí o nome de ceratocone). Esta alteração provoca astigmatismo e miopia progressivos, geralmente levando o paciente a fazer mudanças frequentes nos graus do óculos, com troca do poder dióptrico das lentes e alteração do eixo do astigmatismo. As imagens ficam distorcidas, sem foco e a dificuldade visual geralmente piora ao longo do tempo. A extensão da perda de visão depende do grau de evolução da doença. Uma situação comum é a associação de alergia ocular (coceira) e ceratocone. Uma vez que o ato de coçar os olhos parece estar intimamente ligado à piora da progressão da doença, os pacientes são orientados a evitar ao máximo coçar os olhos, inclusive com a utilização de colíros anti-alérgicos. Como o ceratocone é uma doença que tem uma tendência a progredir e piorar com o tempo, muitos pacientes acabam tendo bastante dificuldade mesmo com os óculos. Nesta situação pode ser indicado o uso de lentes de contato. Normalmente, as lentes de contato gelatinosas são insuficientes para melhorar a visão, e  os pacientes são orientados a fazer adaptação com lentes de contato rígidas gás permeáveis. Nos pacientes com ceratocone mais avançados, pode-se empregar outros tipos de lentes, como as lentes de dupla curva, multi-curvas, esclerais ou semi-esclerais. Como forma de buscar frear o avanço da doença, pode-se empregar a técnica do crosslinking da córnea (radiação ultra-violeta associada à riboflavina). Este procedimento cirúrgico não tem por objetivo melhorar a visão, mas sim diminuir a taxa de progressão da doença ao longo do tempo, com a finalidade de tentar se evitar a necessidade futura de um transplante de córnea. As taxas de transplantes de córnea antes do crosslinking em pacientes com ceratocone giravam ao redor de 20% dos casos. Atualmente, se indicado em estágios mais iniciais, esta frequência tem diminuído bastante. Em alguns pacientes, também pode ser considerada a implantação de anéis na córnea. O objetivo é de tentar melhorar a visão dos pacientes com ceratocone, mas, ainda assim, há casos de ceratocone avançados, onde não é mais possível realizar a aplicação do crosslinking, e as lentes de contato e os anéis intra-corneanos já não funcionam. Há, nestas situações, indicação formal de transplante de córnea. Cada caso deve ser avaliado individualmente através da consulta médica e outros exames clínicos (topografia de córnea, paquimetria, tomografia corneana) pelo médico oftalmologista e as opções discutidas com o paciente e seus familiares. O tratamento do ceratocone pressupõe, sem dúvida, amplo envolvimento do médico, do paciente e da família. Se você tem ceratocone ou conhece alguém que o tenha, é muito importante disseminar o conhecimento sobre esta condição. Junho é o mês da conscientização sobre ceratocone!